21.5.10

Falta do larvicida aumentou infestação do mosquito da dengue

foto Reginaldo Pereira: Agente lança o larvicida em córrego sujo na periferia da cidade

O índice de infestação do mosquito da dengue em Feira de Santana praticamente dobrou, passando de 0,49 no primeiro trimestre para 0,94 atualmente, próximo ao limite de 1% estabelecido como seguro pelo Ministério da Saúde.

De acordo com o coordenador municipal do programa de controle da dengue da prefeitura, o biólogo Ciro Fernandes, o aumento se deve ao acúmulo de chuva, que se concentrou no mês de abril, mas também à falta do larvicida no primeiro trimestre do ano.

Desde o final do ano passado começaram as queixas sobre a falta do larvicida na Bahia. Antes de chegar nas prefeituras o produto é enviado para as Dires pelo Ministério da Saúde. O abastecimento em Feira de Santana só foi normalizado no final de março. “Já prevíamos o aumento de focos, devido à falta do larvicida”, admite.

Em situações normais, os agentes de combate à dengue colocam o produto em qualquer concentração de água parada, como forme de prevenir o aparecimento de larvas. Com o estoque reduzido, a estratégia passou a ser usar apenas onde já fossem encontrados os focos.

Apesar disso, o número de casos este ano é muito menor do que em 2009, quando a cidade viveu uma epidemia cujo auge foram os meses de março (1808 notificações) e abril (2236 notificações).

Ciro informa que os casos confirmados no primeiro quadrimestre do ano passado foram 2.797, enquanto em 2010 foram 787 notificações e 140 casos confirmados até o dia 10 de maio.

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20.5.10

Sob a mira de um revólver, dentro da escola


Já ouvi várias vezes policiais afirmarem que não podem evitar os homicídios, porque não sabem onde vai acontecer.

Mas há pelo menos um que pode ser evitado. No Novo Horizonte ontem, na escola Otaviano Ferreira Campos, que tem um muro baixo para quem está pelo lado de fora (na rua), um rapaz chegou, sacou um revólver e apontou por cima do muro para um aluno de 15 anos.

O garoto correu, se escondeu mais para dentro da escola, chamou o pai e foi para casa de carro. O agressor felizmente foi embora sem atirar e não tentou entrar no colégio. Mesmo assim deu um susto enorme nas crianças, adolescentes e professores que presenciaram a cena.

Hoje a escola ficou sem alunos no turno da tarde, já que de manhã os profissionais da educação resolveram aderir à greve iniciada no dia 10. O candidato a homicida aparentemente não sabia da suspensão das aulas e por volta de 16 horas passou de novo na frente da escola, de bicicleta, devagar, observando se aparecia o menino que ele pretende matar.

Nas imediações, sabem quem é o rapaz que anda com o revólver. Não é difícil, se a polícia quiser, evitar o crime. Esperemos que Feira de Santana seja poupada de pelo menos essa morte de menor de idade.

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Vestibular da UEFS e concurso têm inscrições prorrogadas

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) prorrogou até as 12 horas de segunda-feira (24) as inscrições para o vestibular 2010.2. São oferecidas 685 vagas em 19 cursos. As inscrições são realizadas exclusivamente pela internet. Clique aqui para preencher a inscrição.
Após o preenchimento dos dados pessoais, o candidato deve imprimir o comprovante e pagar a taxa no valor de R$ 80 até segunda-feira.
Até esta sexta-feira (21), às 12 horas, a Uefs inscreve, também pela internet, para o concurso público de provas e títulos. São oferecidas 159 vagas (76 vagas são para técnico universitário e 83 para analista universitário). Clique aqui para se inscrever. 

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19.5.10

G.Barbosa quer comprar as maiores lojas do J.Santos

A rede G.Barbosa, presidida nacionalmente pelo feirense Sílvio Pedra, tenta expandir sua atuação em Feira de Santana adquirindo as duas maiores lojas da rede local J.Santos.

O interesse é pelas lojas das avenidas Getúlio Vargas e José Falcão, de área aproximada de 2 mil e 10 mil metros quadrados respectivamente. Na José Falcão funciona o Hiper J.Santos.

Se vender as duas unidades, o J.Santos permanece com outras seis lojas menores. O G.Barbosa passaria de sete para nove lojas em Feira de Santana.

O proprietário do J.Santos, Jônatas Emanuel, confirma o interesse da rede concorrente (que tem origem sergipana mas atualmente pertence ao grupo chileno Cencosud). Mas garante que o negócio não foi fechado e adianta que foi sondado esta semana por outro interessado.

Jônatas diz não ter pressa de vender e afirma que não colocou o negócio à venda, mas foi procurado. Por outro lado, adianta que, mesmo capitalizado caso venha mesmo a vender suas duas maiores lojas, não pretende investir o dinheiro abrindo lojas menores nos bairros. Diz que “está cansado” para isso.

Enquanto o empresário nega ter feito um acerto definitivo, a notícia da aquisição corre já entre os funcionários do G.Barbosa. Em um caixa do Hiper da Rodoviária um funcionário afirmava que o plano era transformar a loja maior do J.Santos, na José Falcão, em uma nova unidade do Mercantil Rodrigues e que gostaria de ser transferido para ela.

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Concurso de vídeo da UEFS: fim da inscrição amanhã

A TV Universitária da Uefs promove o Concurso de Vídeo “Uefs um olhar em um minuto” para celebrar os 34 anos da Uefs. As inscrições estarão abertas até esta quinta-feira (20). Poderá participar qualquer pessoa maior de 18 anos, com ou sem vínculo com a Uefs. 

O vencedor ganhará uma passagem aérea de ida e volta para o 15º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, que ocorrerá de 29 de julho a 8 de agosto de 2010, no Rio de Janeiro.

 Para maiores informações, os interessados deverão acessar o link http://www.uefs.br/tvuefs/concurso.htm. Outras informações através do telefone (75) 3224-8205.

 

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Aumento para professor: governo diz que tem o dinheiro, mas não pode pagar

Os professores de Feira de Santana não aceitaram acabar com a greve iniciada no dia 10 de maio, depois de receber proposta de aumento de 1,69%, que seriam acrescentados aos 4,31% já aprovados pelo governo, que repõem a inflação de um ano. Somados os valores, o reajuste iria para 6%. Os professores querem mais, porque os aumentos de verbas para educação, enviadas pelo governo federal através do Fundeb foram muito superiores a este percentual, conforme já demonstrado em postagens anteriores aqui no blog.

O secretário José Raimundo confirma que em reunião em que participou na segunda com os professores, o secretário Wagner Gonçalves, da Fazenda, disse que pela verba em si poderia ser pago um valor maior aos professores. José Raimundo não diz quanto. Indiacira Boaventura, diretora da APLB, diz que foi falado R$ 1.500,00 por Wagner (para 40 horas), na reunião testemunhada pela diretoria da APLB e por uma comissão com outros nove professores. Esta confirmação teria deixado, segundo a sindicalista, os professores com os ânimos ainda mais acirrados, o que resultou na negativa de encerrar a greve, quando reunidos na assembleia de ontem na Gelateria Italiana, que ficou lotada.

O governo diz que não pode pagar porque já gasta com pessoal um valor muito próximo do limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Em entrevista ao programa Acorda Cidade, o secretário da Fazenda disse que está em 50,8%, quando o limite prudencial é 51,3%. A partir de 54% o governo já fica obrigado a cortar gastos com pessoal, demitindo, para evitar sanções.

O argumento não convence os professores, que consideram que há um inchaço na folha de pagamento municipal em outras áreas e os professores estão pagando por uma culpa que não têm. Alegam ainda que em outras cidades os reajustes estão sendo mais altos, em valores compatíveis com o aumento do Fundeb “12% em Camaçari e Lauro de Freitas e 10% em São Gonçalo”, exemplifica Indiacira.

Como os professores decidiram manter a greve, o secretário José Raimundo disse que a partir de hoje a ameaça de corte de ponto começará a ser cumprida.

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Luiz Paolilo vence eleição e preside o Flu

(Na foto de Reginaldo Pereira, da esquerda para a direita Mizael, Paolilo e Zé Chico)

Por 200 votos a 115, Luiz Paolilo derrotou Elson Abreu e foi reeleito para continuar presidindo o Fluminense de Feira de Santana pelo período de dois anos.

A chapa é composta também pelo vice-presidente José Francisco Pinto (Zé Chico), suplente do senador João Durval. Ele comandará o futebol. A área administrativa ficará sob o comando de Mizael Santana, atual secretário municipal de Prevenção à Violência.

 

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Chão afunda e buraco engole três na Santa Mônica

Foto: Reginaldo Pereira

Um perigo escondido embaixo da terra em muitos locais de Feira de Santana se revelou de forma trágica para uma família no bairro Santa Mônica, na segunda-feira. No momento em que foram apresentar a pequena Luiza, de 10 meses, para o vizinho no número 83 da rua Luiz Carlos Bahia, o chão afundou. A bisavó, Irma Bahia (viúva do homem que dá nome à rua), a própria criança e uma tia adolescente, despencaram para dentro da terra quando a tampa de concreto cedeu.

O buraco atingiu dois metros de diâmetro e quatro de profundidade. As vítimas foram atingidas pelo material que desabou. O bebê levou uma pancada na cabeça e foi internado em estado grave no hospital Emec (segundo informação na manhã de hoje no Acorda Cidade, a criança faleceu no final da noite).

Também foram internados a tia e a bisavô, que quebrou duas costelas e uma perna, segundo informações extra-oficiais colhidas pela reportagem. A família, abalada, não quis se pronunciar sobre o assunto.

O dono da residência onde o passeio desabou, Jaime Cunha, disse que o buraco é de uma cisterna construída em frente à casa, cuja existência ele desconhecia. “Houve há dois anos inclusive a instalação do esgotamento sanitário, mas este buraco não foi encontrado”, lembra.

RISCO

O gerente da Embasa na região de Feira de Santana, Onias Oliveira Neto, confirma que se tratava de uma cisterna. Ele explica que na época em que a cidade não possuía água encanada, as pessoas escavavam as cisternas para obter o líquido, já que o lençol freático estava bem próximo da superfície. “Com quatro ou cinco metros já se encontrava água naquela região, então muita gente adotava esta alternativa”, justifica.

Algumas destas escavações eram reaproveitadas como fossas quando paravam de dar água. Não foi o caso desta na residência de Jaime Cunha, conta Onias. “Foi constatado que estava seca”, assegurou.

O dirigente da Embasa reconhece que o risco existe em outras áreas, mas diz que não há como detectar outros buracos ocultos que ofereçam perigo para a comunidade. “É uma questão que deve ser tratada por cada pessoa. É uma responsabilidade particular”, adverte. O dono da casa também não cometeu uma infração do ponto de vista do dirigente da empresa estadual de saneamento. Se fosse o caso de alguma ação indenizatória seria uma questão entre as pessoas físicas envolvidas, o que a princípio não se cogita, pois se trata de vizinhos e amigos.

A providência adotada pelo proprietário da residência foi isolar a área e começar de imediato a tapar o buraco. Foram necessárias uma caçamba e meia de terra (equivalente a 24 metros cúbicos).

Assustada com o acidente, a vizinha Delivalda Vieira comprou a outra metade de terra da caçamba, para refazer seu passeio, do outro lado da rua, em pontos que apresentam buracos, próximos a tampas de concreto instaladas pela Embasa quando fez a instalação de esgoto. “A água da chuva entra por esses buracos e fica infiltrando no muro. Eu já vinha querendo fazer a obra. Depois dessa tragédia a preocupação aumentou”, confessa.

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18.5.10

Vereador preso com carro roubado

FOTO: REGINALDO PEREIRA

O vereador Hugo Luís de Jesus Junior, 34 anos, foi preso por estar dirigindo um carro registrado como roubado e com documentos adulterados. Hugo Luís, mais conhecido como Té de Hugo (do partido PSL) é vereador no município de Santa Bárbara, vizinho a Feira de Santana, a 151 quilômetros de Salvador.

A apreensão do veículo foi feita pela Polícia Rodoviária Federal, que abordou o Fiat Uno placa JPD 7420, de Salvador, na BR 324, perto do município de Tanquinho. Os policiais checaram a documentação e identificaram adulteração no CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo). Há suspeita também de que o motor pertence a outro carro.

“Já existe certeza de que se trata de um carro roubado em Salvador, mas a situação completa ainda está sendo verificada pela polícia”, explicou a delegada de Santa Bárbara, Joanice Santana. Existem dúvidas também sobre a autenticidade da placa do veículo.

A delegada recebeu as informações ontem (SEGUNDA), porque o caso foi registrado em Feira de Santana, onde funciona o plantão de toda a coordenadoria regional no fim de semana. Hugo Luís foi autuado em flagrante, acusado de receptação e uso de documentação falsa. Detido na carceragem superlotada, o vereador não quis falar com a imprensa.

O carro velho, ano 2000/2001, ficou apreendido no Complexo Policial de Feira de Santana.

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16.5.10

Rodoviários ameaçam entrar em greve

 

Em campanha salarial, os rodoviários ameaçam começar nesta segunda-feira a reduzir a presença dos ônibus nas ruas. A prefeitura lançou nota oficial dizendo que vai exigir das empresas o cumprimento de horários e que vai acompanhar dentro das garagens a saída dos veículos.

Veja abaixo na íntegra a nota do governo:

O Governo Municipal vai exigir das empresas de ônibus que exploram o serviço de transporte coletivo urbano de Feira de Santana o cumprimento de seus horários, apesar da promessa de paralisação de motoristas e cobradores.

A mobilização dos rodoviários, que prometem paralisar o sistema, é decorrente do atraso nas negociações salariais. Os rodoviários querem reajuste de 7%; salários iguais para os motoristas de microônibus; redução da jornada de trabalho e plano de saúde pago integralmente.

Sendo o transporte coletivo urbano parte essencial da cidade, responsável pelo deslocamento de milhares de pessoas, o Governo Municipal não vai admitir que o prolongamento das discussões entre as categorias de patrão e empregado interfira negativamente no cotidiano das pessoas.

Por determinação do prefeito Tarcízio Pimenta, a Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) vai a partir desta segunda-feira (17) acompanhar a liberação dos ônibus de suas respectivas garagens.

Face a possibilidade de paralisação da categoria, o Governo Municipal irá buscar amparo jurídico adotando todas as medidas necessárias e preventivas no sentido de manter o equilíbrio do Sistema Integrado de Transporte (SIT) de Feira de Santana.

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Toque de recolher: o que vi em Santo Estêvão

Muita gente pensa que bater nos filhos "com moderação" é algo aceitável e até necessário. Muitos, como eu, acham que não. Nem uma palmada? Não. Nem uma palmada. Podem ocorrer num momento de descontrole, de covardia do gigante pai contra o indefeso garoto. Mas não é correto nem construtivo.

Entretanto todo mundo concorda que as crianças devem aprender a respeitar limites. Não porque é bonito, educado, ou porque “o que os outros vão pensar?” Nada disso. É que simplesmente sem limites não se vive em sociedade. Cada um tem necessariamente que respeitar o espaço do outro, ou nos mataríamos todos. É intrínseco à organização social. Se um pai não ensina limites ao filho não produzirá apenas um indivíduo egoísta e intratável. Produzirá alguém incapaz para o convívio social, que fará mal aos outros, mas também a si mesmo.

Depois de ir várias vezes a Santo Estêvão buscar informação para matérias sobre o tal toque de recolher, conversando com pais, professores, adolescentes, autoridades e pessoas comuns, constatei que é disso essencialmente que se trata: de colocar regras, de apontar limites, para quem não tem ainda discernimento e autonomia para decidir sobre a própria vida. E isso não é ruim.

Qualquer pai responsável, consciente e que ama seu filho não vai deixá-lo na rua de noite indefinidamente se ele tem 9,10 ou mesmo 15,16 anos. Estou certo de que muitos integrantes da confortável classe média ou alta que reprovam a ideia do toque de recolher imposto pela lei, querem seus filhos adolescentes recolhidos à segurança do lar quando anoitece.

Será este zelo uma responsabilidade e um direito individual, restrito ao âmbito familiar? O Estado não tem o direito de impor estes limites? Por que não, se é exatamente isso que ele faz quando nos obriga a respeitar regras como não dirigir sob efeito de álcool e obedecer uma velocidade máxima nas ruas e estradas?

Sempre tenho a inclinação de analisar as coisas sob um ponto de vista liberal e liberalizante, e portanto fui a Santo Estêvão na primeira vez achando toque de recolher uma ideia ruim e errada. Fiquei surpreso ao procurar gente contrária e não encontrar. Com exceção, claro, de uma pequena parte dos adolescentes. Principalmente os mais velhos, acima de 16, que afinal, após alguns meses acabaram liberados do horário pelo próprio juiz que implantou a regra.

Entretanto, espantado mesmo fiquei foi ao notar que não eram os mais próximos da maioridade os que tanto preocupavam os pais ou incomodavam vizinhos promovendo baderna nas ruas (atenção: baderna, não crimes). O grave mesmo é que havia crianças até com menos de 10 anos, que não tinham mais horário para chegar em casa.

Os pais, que tinham perdido o controle sobre os filhos, ficaram felizes com o estabelecimento de horários, porque agora têm argumento e ajuda externa para manter os filhos em casa. Não são pais carrascos, mas pais amorosos, que se preocupavam com o que poderia estar ocorrendo com os garotos nas ruas tarde da noite ou de madrugada. Pais que não dormiam direito, porque não conseguiam ficar em paz.

Então fui obrigado a me dobrar à realidade e mudar de opinião. Não seria também obrigação do estado prover meios nos quais as famílias podem se apoiar para colocar as coisas em ordem?

Reconheço que há riscos envolvidos. Que a abordagem aos garotos precisa ser respeitosa e não repressora; que numa cidade grande, a medida pode fracassar pelo simples fato de faltar gente para fiscalizar; que se as autoridades da área não abraçarem a ideia não adianta nada; que a fiscalização não pode concentrar esforços na periferia e deixar os filhinhos de papai à vontade nos bares chiques.

Mesmo assim, acredito que a hipótese de aplicação da medida pode e deve ser considerada. Desde que se desarmem os espíritos e que tanto os defensores quanto os detratores do toque de recolher o encarem como proteção e não como punição.

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Invasão de fazenda da EBDA completa um ano

Um ano depois da invasão da fazenda Cruzeiro do Mocó, na zona rural de Feira de Santana, nem os Sem Terra conseguiram a posse nem a EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola) recuperou o controle sobre a área, que é destinada a pesquisas.

As famílias acampadas sobrevivem de cestas básicas enviadas pela Conab e plantam culturas de subsistência, como feijão e milho, enquanto esperam o resultado de negociações com o governo do estado.

A direção do MST diz que há 100 famílias instaladas, mas admite que muitos não ficam permanentemente no local, alternando entre a fazenda e “bicos” na cidade. A propriedade fica apenas 9 quilômetros distante do Contorno, avenida que circunda Feira de Santana. De lá é possível ver os prédios do aglomerado urbano.

O coordenador regional do MST, Weldes Queiroz, informa que a pretensão do Movimento é conseguir a posse de toda a área, calculada por ele em mil hectares. “Para os padrões locais, é considerada um latifúndio, já que os pequenos agricultores em Feira costumam ter entre 2 e 3 hectares”, compara.

Uma vez desapropriada, a fazenda passaria ao controle do MST, porém mantendo a finalidade de pesquisa, sendo utilizada para o desenvolvimento de tecnologia adequada aos pequenos produtores que vivem no semi-árido.

Procuramos a presidência da EBDA, que, através da assessoria de imprensa, prometeu, mas não entrou em contato para informar sobre o andamento das negociações.

Verdival Almeida, que saiu há pouco da chefia da estação experimental, diz que os trabalhos de pesquisa continuam a ser feitos normalmente com gado guzerá, cabras de leite e jumento. “Apenas alguns leilões de animais deixaram de acontecer durante o ano”, detalha.

Como o acampamento iniciado em 16 de maio de 2009 ocupou apenas um lado da fazenda, o pessoal da EBDA segue a rotina de trabalho no escritório e demais instalações da propriedade. Já os Sem Terra sobrevivem dentro de barracas feitas de pedaços de madeira e cobertas com plástico.

Os recursos são escassos, mas as culturas de amendoim, melancia, abóbora, feijão e milho ajudam na sobrevivência. Cada família cuida de seu lote. Durante a semana que antecedeu o aniversário de um ano da invasão, o grupo preparou o plantio de uma horta comunitária.

Satisfeita em voltar para o campo, Célia Bastos, 57 anos, se antecipa à pergunta e vai dizendo: “Eu tô muito feliz”. Enquanto capina, ela conta que cresceu na roça em sua cidade natal (Brejões). Já como adulta e mãe de família, mudou-se para a cidade, onde criou os seis filhos. “Mas continuava sempre com saudade da roça”, suspira. Deixou a casa no bairro Alto do Papagaio, em Feira de Santana, e aguarda ansiosa o recebimento de um lote definitivo.

O próprio coordenador do acampamento, Carlos Machado, tem história parecida. Saiu do campo quando ficou órfão de pai e mãe e precisou assumir a criação de uma irmã e uma sobrinha. Na cidade, trabalhou em diversas áreas, sempre informalmente, sem assinatura na carteira. Com o avanço da idade viu crescer a dificuldade para encontrar emprego e resolveu aderir ao movimento. Atualmente alterna a residência entre a fazenda e a casa na cidade.

Luciano Alves, que tem mulher e um filho de 11 meses, acaba de encerrar uma temporada em Ilhéus, no sul do estado, como entregador. Voltou para Feira e foi em busca de um lote na invasão, onde diz ter sido um dos primeiros, em maio do ano passado. “Eu já conheço o pessoal e acabei de receber uma área para começar a plantar milho e feijão”, anima-se, vendo a terra molhada pela chuva que caiu durante o dia.

Os acampados confirmam que novas famílias estão sempre chegando. “Neste final de semana chegaram cinco”, contabiliza o coordenador Machado.

“São mais de 400 famílias cadastradas na região, por isso vamos buscar também a desapropriação de outras áreas para atendê-las”, avisa o coordenador regional do MST, Weldes.

Nas fotos de Reginaldo Pereira, o preparo da roça após a chuva de sexta-feira, o galinheiro e melancias produzidas na Fazenda Mocó

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