Jornais de diversas partes do Brasil foram duríssimos com o ex-ministro Geddel, a partir da constatação de que ele privilegiou a Bahia no repasse de recursos destinados a prevenção de enchentes.
A princípio ele poderá até tentar capitalizar as críticas na direção daquele discurso do “amor pela Bahia”, exaustiva e enjoativamente utilizado pelo falecido ACM. Mas deve torcer muito para que não ocorram deslizamentos e mortes em Salvador, que fariam sua candidatura ir por água abaixo.
A seguir, trechos de alguns jornais sobre Geddel, verbas e PMDB
Revista Veja
Neste ano, o ministro Geddel Vieira Lima liberou R$ 39,4 milhões para obras de prevenção em 16 Estados. Antes de deixar o cargo para candidatar-se a governador, contemplou a Bahia com R$ 24 milhões e não destinou ao Rio um único centavo. Em contrapartida, o governo fluminense ganhou R$ 59 milhões para tratar dos estragos causados pelas enchentes no litoral de Angra dos Reis. Vai receber outros tantos para lidar com a tragédia deste começo de outono. Os países civilizados ensinam que governantes devem pensar na próxima geração. O Brasil ainda não aprendeu a livrar-se de políticos que só pensam na próxima eleição.
Miriam Leitão, colunista de O Globo
As cidades baianas receberam quase 10 vezes mais dinheiro para a prevenção de desastres do que Rio, SP e Rio Grande do Sul, porque o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, era baiano. Como é que o governo deixa isso? Que o dinheiro público seja usado dessa forma tão politiqueira? O presidente negou que isso tenha ocorrido e acusou quem disse de fazer joguinho. Mas quem falou foi o TCU.
Jornal de Santa Catarina
Analisada isoladamente, a escandalosa informação de que em 2008 e 2009 o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima destinou 65% das verbas de prevenção a desastres da pasta que comandava para seu Estado natal, a Bahia – do qual é candidato a governador –, não passa de mais um caso de uso político e em causa própria da máquina e de recursos públicos. Mas quando as dolorosas consequências de tão nefasta atitude se fazem sentir, como agora se vê na dramática situação enfrentada pelo Rio de Janeiro o fato adquire um nível de gravidade que requer uma profunda reflexão por parte dos cidadãos. Até quando os brasileiros terão que conviver com a apropriação do patrimônio público e com o favorecimento político – e, ressalte-se, isto acontece em todas as esferas da administração pública – como se isto fosse natural e corriqueiro?
Folha de São Paulo
Pouco importa que fluminenses e cariocas sejam governados, eles também, por correligionários do pré-candidato Geddel. Nem mesmo a lógica partidária prevalece para indivíduos que se movem de acordo com interesses locais e projetos pessoais.
O acesso a recursos seria outro, caso o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes atuassem na Bahia. Reportagem desta Folha publicada no final de 2009 indicava que, da já exorbitante parcela de verbas destinada pelo Ministério da Integração Nacional àquele Estado, 68% foram parar nas mãos de prefeitos peemedebistas.
Demonstra-se assim a que extremos de irresponsabilidade podem chegar o fisiologismo e o clientelismo do PMDB, partido que paga indicações para cargos no primeiro escalão do governo Lula com votos no Congresso, apoio nos grotões e tempo na TV para a candidata oficial.